Desabafo

'Sua irmã grita pelo seu nome', diz mãe de menina morta pela PRF

Heloísa morreu neste sábado, após nove dias internada

A criança ficou nove dias internada no Hospital municipalizado Adão Pereira Nunes
A criança ficou nove dias internada no Hospital municipalizado Adão Pereira Nunes |  Foto: Redes Sociais
 

A mãe de Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, fez um longo e emocionante desabafo nas redes sociais. Em um dos trechos, Alana dos Santos Silva compartilhou fotos da pequena junto da irmã mais velha, no dia em que ela foi assassinada a tiros, no Arco Metropolitano. Na legenda diz  "último dia em família".

Heloisa foi baleada na cabeça e no pescoço quando passeava com a família. O caso aconteceu no feriado de 7 de setembro. Segundo o pai da vítima, William da Silva, o carro onde estavam foi alvo de tiros que partiram de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

O policial confessou os disparos e alegou que tomou a iniciativa após ouvir tiros, ele também diz que verificou que o carro em que a família estava constava como roubado. 

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A criança ficou nove dias internada no Hospital municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, mas acabou morrendo no último sábado (16).

  • Sequência de stories foram publicados pela mãe da pequena
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"Filha, essa semana que ficamos juntinhas foi uma despedida tão dolorosa, ver você naquele sofrimento, lutando tanto, sendo tão forte, me encheu de esperança a todo momento. Fico lembrando de tudo, até quando vamos viver assim, pessoas que eram para nos proteger, sendo tão despreparados... Minha filha sofreu tanto, sentiu tanta dor, lembro dos gritos de desespero da minha família e dela em especial. Me pergunto, pq (por quê)? Por que ela? Hoje sei que Deus tem o melhor para nós, um dia entenderei", diz um trecho.

Pai também desabafa

William disse que acreditou, até o último momento, na recuperação da filha
William disse que acreditou, até o último momento, na recuperação da filha |  Foto: Marcelo Eugênio
  

William Silva, pai da pequena, também usou as redes sociais para compartilhar a dor da perda da caçula.

"Olha, amor, descanse em paz, viu. Enquanto você esteve aqui nos trouxe paz, união, alegria, amor, realmente um anjo. Papai queria poder ter ido em seu lugar, tenha absoluta certeza disso, mas os planos de Deus não são os nossos e quem sou eu para questioná-lo.

No hospital, eu acreditei com todas as minhas forças, até o último segundo, e mesmo com todos os aparelhos desligados, eu pensei em algum momento ligar tudo de novo por conta própria. Só queria sair de lá com você em meus braços e ir embora para casa.

Lembro de todos os dias quando você iria pra escola, e nos dava aquele beijinho toda linda dentro daquele uniforme, e voltava cheia de canções novas e as coreografias. Você jamais será esquecida, jamais! Queremos justiça"

27 agentes visitaram o hospital

A tia de Heloísa dos Santos Silva, a menina que foi baleada durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Arco Metropolitano, relatou em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) que 28 agentes da PRF estiveram no hospital após o incidente e que um deles a intimidou.

Essa informação faz parte do pedido de prisão feito pelo MPF contra os três policiais rodoviários envolvidos no crime. 

A tia da criança afirmou que, no dia do incidente, 28 policiais da PRF foram ao Hospital Adão Pereira Nunes e ficaram vasculhando e mexendo no carro onde Heloísa estava durante algum tempo.

“No dia do evento se dirigiram ao hospital Adão Pereira Nunes 28 policiais, os quais, segundo palavras da própria testemunha, ficaram vasculhando e ‘mexendo’ no carro [onde Heloísa estava] durante certo tempo. Inclusive [a tia] relatou que um dos policiais que não participou do ocorrido apontou-lhe um projétil e disse que aquele projétil atingiu o veículo deles, numa tentativa inequívoca de intimidar a testemunha e incutir nela a versão sustentada pelos policiais. Isto tudo ocorreu no ambiente hospitalar, quando a vítima Heloisa recebia atendimento médico cirúrgico”, escreveu o procurador da República Eduardo Benones.

Eduardo Benones destacou que esses fatos causaram um abalo psicológico nas vítimas e que a testemunha foi intimidada como forma de manipular a investigação. Ele pediu a prisão dos policiais envolvidos no caso.

Além disso, o procurador também solicitou uma nova perícia no fuzil apreendido e no carro onde Heloísa estava.

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